Porque dormimos? Essa é uma pergunta para a qual não temos uma resposta exata e clara, mas o que sabemos é que o sono tem uma função importante e necessária para nosso organismo. Passamos um terço de nossas vidas dormindo, esse número talvez seja o suficiente para mostrar a importância do sono, do contrário não dormiríamos tanto tempo assim. O que se sabe é que o sono tem uma função restaurativa importante, ou seja, dormir faz com que nosso corpo se recupere das energias gastas durante o dia, levando-nos a um quadro de equilíbrio energético, beneficiando nossa saúde física e emocional.
Podemos não saber ao certo qual a função exata do sono, mas sabemos muito bem os efeitos que sua falta traz para o nosso organismo, não é mesmo? Você já acordou mal humorado e irritado? Já ficou sonolento e mais cansado que o normal durante o dia? Já teve problemas de memória e atenção quando precisou passar a noite em claro? Por aí já temos uma ideia de que a falta de sono pode levar a comprometimento tanto da nossa saúde física como de nossa saúde emocional.
A relação entre sono e saúde mental é complexa e exige uma vasta compreensão dos fatores envolvidos. É também bidirecional, ou seja, tanto problemas de sono podem interferir em nossa saúde emocional, quanto nosso quadro emocional e psicológico podem interferir na qualidade do nosso sono.
As alterações do sono, dentre elas a insônia, estão entre os sintomas mais comuns e incapacitantes em pacientes com algum transtorno psiquiátrico tais como depressão e ansiedade (1) bem como a síndrome de burnout e o transtorno bipolar. Podemos dizer que a insônia é o distúrbio do sono que mais se associa aos transtornos psiquiátricos, bem como apresenta uma relação mais evidente com a saúde mental (2).
A característica mais marcante da insônia é a dificuldade para iniciar ou manter o sono ou a existência de um sono não reparador, causando incômodo ao paciente ou prejudicando seu funcionamento social e ocupacional. As causas mais frequentes da insônia são alterações ambientais, comportamentais ou fatores psicológicos, como medo e ansiedade.
Insônia e depressão
Outra relação importante é entre insônia e depressão. Essa relação também é complexa, mas pessoas com insônia tendem a ter maior nível de depressão e vice versa. Segundo um estudo sobre sono na população geral de São Paulo (3), pessoas que apresentavam um quadro de insônia crônica tinham quadro vezes mais chances de apresentarem sintomas psiquiátricos quando comparados a pessoas que não tinham queixas ou problemas de sono.
O contrário também acontece: paciente com depressão, ansiedade ou outra doença psiquiátrica podem ter alterações do seu ritmo circadiano de vigília/sono, levando assim a piora do quadro apresentado. Em pacientes com transtorno bipolar, por exemplo, a privação de sono pode levar a quadros de mania, e a presença de sintomas de insônia pode indicar que o paciente está passando da fase depressiva para a fase de hipomania (4). Nesses casos é necessário o manejo das alterações de sono, a fim de evitar a piora dos sintomas do quadro psiquiátrico.
Outro ponto importante a ser levado em consideração quando falamos da relação entre sono e saúde mental é o uso de medicamentos. Os psicofármacos utilizados no tratamento dos quadros psiquiátricos, dentre eles os antidepressivos, geralmente alteram a estrutura do sono, afetando sua qualidade. Alguns neurotransmissores envolvidos na regulação do humor e motivação podem apresentar uma regulação anormal em pacientes com depressão, contribuindo assim para as alterações do sono desses pacientes (5).
Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)
Diante disso, nota-se que os sintomas da insônia ou os sintomas psiquiátricos, geralmente são muito angustiantes para o indivíduo que experimentam tais eventos. Assim, sua identificação e tratamento podem não apenas melhorar a gravidade e o curso das doenças psiquiátricas, mas também a qualidade de vida e a qualidade do sono.
O tratamento de escolha em boa parte dos casos é a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), pois existem componentes comportamentais e cognitivos disfuncionais que perpetuam o transtorno de insônia, bem como a manutenção dos sintomas psiquiátricos. A TCC é eficaz quando o paciente dispõe de crenças de conteúdo negativo sobre si, sobre os outros e sobre o futuro, levando a ter sentimentos ruins e por consequência comportamentos disfuncionais.
Dicas para manter sua saúde mental em dia
Dessa forma, cuidar do nosso sono é cuidar da nossa saúde mental e física, por isso segue abaixo algumas dicas para manter sua saúde mental em dia e um sono de qualidade.
· Faça atividade física, mesmo que não tenha dormido o suficiente a atividade física ajuda a liberar substâncias que relaxam e dão prazer;
· Tente ter horários regulares de sono, principalmente ao acordar, isso pode melhorar o início do sono à noite;
· Mantenha- se na rotina durante a semana e aos finais de semana, o cérebro precisa de sincronizadores, isso ajuda a regular o seu ritmo biológico;
· Exponha-se ao sol pela manhã, mas caso não consiga, procure lugares mais ensolarados, o sol é um grande aliando tanto para o sono quanto para a nossa mente.
· Alimente-se bem, a alimentação saudável também é importante para o bem estar e qualidade de vida, se preciso, procure um profissional da nutrição;
· Tente esvaziar sua mente, respire, relaxe, esses exercícios acalmam, diminuem a ansiedade, melhorando assim as noites de sono.
· Faça atividades que lhe dão prazer, reserve um tempinho na semana para você, isso faz toda diferença para sua saúde emocional.
· E por último seja leve e flexível com você, isso ajuda a lidar com o peso da rotina e das tarefas do dia a dia.
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Referências
1 Becker PM. (2006). Insomnia: prevalence, impact, pathogenesis, differential diagnosis, and evaluation. (Review) Psychiatr Clin North Am.;29(4):855–870).
2 Pigeon, Wilfred R., Todd M. Bishop, and Kelsey M. Krueger. "Insomnia as a precipitating factor in new onset mental illness: a systematic review of recent findings." Current psychiatry reports 19.8 (2017): 44.
3 Castro LS, Poyares D, Leger D, Bittencourt L, Tufik S. Objective prevalence of insomnia in the São Paulo, Brazil epidemiologic sleep study. Ann Neurol 2013; 74(4): 537-46
4 Harvey, Allison G., et al. "Sleep-related functioning in euthymic patients with bipolar disorder, patients with insomnia, and subjects without sleep problems." American Journal of Psychiatry 162.1 (2005): 50-57.
5 Sousa. K.M.M, Piovezan. R. D, Poyares. D. Alterações de Sono na Depressão. In: Demência, depressão e sono: correlações complexas. Editora OMNIFARMA , 2019;
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